Um Tema Recorrente
UM TEMA RECORRENTE
Nós, os psicodramatistas, tanto nas sessões de psicoterapia, como nas de assessoria profissional (antigo coaching) trabalhamos por temas. Os temas, obviamente, não são planejados previamente, mas surgem conforme dita a própria metodologia, ou seja, do livre para o lógico, como bem explicava a falecida psicodramatista Stela Regina Fava. Não é uma aulinha, ou teatrinho, como muitos querem.
Na metodologia Psicodramática não há um “script” e é preciso estar atento àquilo que o paciente ou cliente de assessoria repetem, tal como ocorre na psicanálise.
Já notei que empresários e gestores de empresas têm nos últimos anos, notadamente após a pandemia, trazido às sessões o seguinte tema: O total descompromisso de funcionários com o trabalho.
Mesmo os trabalhadores que antes da pandemia apresentavam bom padrão de desempenho, hoje vivem uma espécie de moleza e descompromisso. Faltas, distrações, achar que a empresa é responsável pelos funcionários, uso excessivo e desnecessário de celular, foco nos feriados, justificativas estapafúrdias diante de qualquer pedido justo e referente ao trabalho...e muito mais.
Como as sessões de Psicodrama não são alienadas do que ocorre na sociedade o que se percebe em uma rápida leitura social é que qualquer um pode ser empresário, ganhar rios de dinheiro sendo digital influencer e até mentor com pouca ou nenhuma experiência. A profundidade e o conteúdo não são valorizados, e tudo deve ser feito “rapidinho” e, ou como me disse um executivo numa sessão: Não há dedicação, todos parecem “ficantes” descompromissados.
Como tudo no Psicodrama são relações e complementaridade, é importante frisar que a parte referente às empresas e empresários, e que de certa forma acompanha este fenômeno social é o empobrecimento dos processos seletivos. Se na década de 90 diante dos maiores executivos brasileiros Jim Collins autor do livro Feitas para Durar perguntou à plateia qual era a área que garantiria a permanecia e duração de uma empresa e a maioria dos presentes respondeu Finanças, Vendas e Tecnologia da Informação, e eu e mais dois gatos pingados, com certa vergonha diante de centenas de executivos, respondemos Recrutamento e Seleção, e ele concordou conosco. A área de Recrutamento e Seleção a única responsável por manter a cultura organizacional e a contratação de pessoas em acordo com esta cultura, para todo e qualquer cargo.
Hoje, diferentemente, os processos seletivos são feitos em sua maioria através de ferramentas on line, visando principalmente aspectos técnicos do cargo e raramente comportamentos (em que se verifica de fato o compromisso) e a não aplicação de metodologia cientifica para a aferição de perfis de cargos. E ainda, a dilacerante confusão conceitual entre o que é Recrutamento e Seleção. Recrutamento sim, pode ser feito on line, Seleção não, salvo, claro em processos que envolvam interpaíses.
Bons processos seletivos são caros, e custam praticamente o mesmo que que selecionar qualquer um e depois tê-lo de demitir. A escolha neste caso, depende do executivo e empresários.
Suely Pavan Zanella – Psicóloga CRP 06/10220
Diretora da Pavan Desenvolvimento
Criadora da Escola de Role Playing
suely@pavandesenvolvimento.com.br